terça-feira, 1 de setembro de 2009

A FLOR

Pede-se a uma criança. Desenhe uma flor!
Dá-se-lhe papel e
A criança vai sentar-se no outro
canto da sala onde não há mais ninguém.
Passado algum tempo o papel
está cheio de linhas.
Umas numa direção, outras noutras;
umas mais carregadas, outras mais leves;
umas mais fáceis, outras mais
A criança quis tanta força em certas
linhas que o papel quase não resistiu.
Outras eram tão delicadas que
apenas o peso do lápis já era demais.
Depois a criança vem mostrar essas
linhas às pessoas: Uma flor!
As pessoas não acham parecidas
estas linhas com as de uma flor!
Contudo, a palavra flor andou por dentro
da criança, da cabeça para o coração
e do coração para a cabeça, à procura
das linhas com que se faz uma flor,
e a criança pôs no papel algumas dessas
linhas, ou todas.
Talvez as tivesse posto fora dos
lugares, mas são aquelas
as linhas com que Deus faz uma flor!

ALMADA NEGREIROS

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